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• Você fala fluentemente esta língua por causa de suas origens ou porque um professor te motivou a aprendê-la?

  Venho de uma família bilíngue, nasci e cresci na Itália (sendo assim o italiano a língua da minha alfabetização formal), mas como filha de mãe brasileira, também fui alfabetizada em português.

• Cite uma pessoa (da atualidade, histórica ou fictícia) que, na sua opinião, representa bem a cultura da língua que você ensina.

  Poderia citar muitas pessoas, acredito que muito depende do que queremos que seja representado. Como filha do Vesúvio, diria que uma personalidade que representa bem a heterogeneidade linguística, cultural e artística da Itália seria, sem dúvida, Antonio de Curtis, in arte Totó. Il principe della risata, que com sutileza, poesia e um humor muito afiado, retrata a realidade da Itália para além dos roteiros turísticos, da academia e do cânone, a Itália distante das idealizações e quanto nunca humana, desengonçada e real.

• Existe alguma palavra, expressão ou tradição típica que você goste particularmente?

  Existem muitos detalhes da minha cultura que aprendi a valorizar com o tempo... A tendência a expressar livremente as próprias emoções, a criatividade, a musicalidade, a poesia, a língua, os dialetos, as relações familiares mais viscerais e sem dúvida, o cuidado. A cultura Itália é permeado por atos de cuidado, público e privado. Um exemplo de cuidado público é a viabilização de uma siesta na hora do almoço, para que os trabalhadores possam descansar e se alimentar adequadamente. Já um exemplo de cuidado privado é a relação que se estabelece com a camisa com seu preparo. A escolha, o cultivo e a preparação dos alimentos são tarefas que envolvem todos os membros da família ( quem mais quem menos diretamente). O preparo e o consumo dos alimentos são momentos familiares, de cuidado e de partilha, de educação e de cidadania, porque sim, comer entra-se talvez entre os atos políticos mais desvalorizados, e mais profundos, para os quais necessitamos nos educar e educar.

• Por qual motivo aprender esta língua é importante (seja no âmbito escolar, profissional ou pessoal)?

  Acredito que aprender uma nova língua, qualquer que seja, é se permitir ver o mundo de outras perspectivas, é renomear as palavras e ressignificar os signos, é duvidar do nosso senso comum para aprender as inúmeras maneiras de interpretar a vida e solucionar problemas que existem por aí. Sem dúvida, o italiano, em suas especificidades, é uma língua que permite ao falante, além de tudo isso, também um acesso mais real a um arcabouço de produção artística, das mais disparadas áreas, que sem dúvida permite um crescimento individual não indiferente e que pode fornecer ferramentas para olhar com novos olhos a própria língua e cultura. As vezes é necessário olhar longe para agir perto.

• Qual a maior dificuldade no aprendizado desta língua e o como contornar este obstáculo?

  Muito depende da língua de origem do estudante. Sem dúvidas, falantes de línguas neolatinas terão cerca facilidade ao se aproximarem do italiano. Mas, uma dificuldade que constatei recorrente entre os meus alunos foi aprender a colocação pronominal. Como contornar esse obstáculo? Fortalecendo a base teórica e aprendendo a ver a gramática como um quebra-cabeça, como um conjunto de normas lógicas e sequenciais. Saindo do achismo e se tornando autônomos usuários e questionadores da língua e da gramática normativa.

• Você poderia compartilhar alguma história e/ou curiosidade engraçada relacionada à sua profissão ou as aulas particulares?

  Há muitas histórias que eu poderia partilhar, mas talvez o elo entre todas elas reside na interação. Tanto para o professor quando para o aluno a aula individual é um momento de interação, de partilha, de crescimento e de aprendizagem. Me considero muito grata por todos os alunos que entraram e permaneceram por períodos mais ou menos breves em minha vida, pois com eles pude crescer e aprender a ensinar.

• Nos ajude a te conhecer melhor, nos conte um pouco sobre suas viagens, amizades nativas no idioma que você você leciona entre outros!

  Na minha vida estão presentes três idiomas de trocas fluentes, são eles o italiano, o português e o espanhol. Trânsito entre os três por trabalho, família, paixões e relações. Tive a oportunidade de viajar e morar por períodos as vezes mais as vezes menos extensos em países onde se falam essas línguas e ao longo da minha vida trabalhei e ensinei italiano para lusófonos e hispanofonos. Em relação ao francês e ao inglês, meu conhecimento é mais instrumental ou acadêmico, mas suficientemente funcional para poder ensinar a falantes dessas línguas.

• O que faz de você um Superprof (além do poder de se comunicar em várias línguas)?

  Dediquei e dedico meus dias ao ensino, tentando trabalhar com cuidado, carinho, paciência e muita dedicação. Gosto de pensar que cada aluno é um universo é que a didática, por mais linear, precisa ser costurada sobre medida para cada um deles. E como costureira, eu sou uma ótima super professora rsrs!